O Homem; As Viagens

A inquietação humana em "O Homem; As Viagens" de Drummond

Em "O Homem; As Viagens", Carlos Drummond de Andrade utiliza uma ironia sutil para mostrar que, mesmo diante das maiores conquistas tecnológicas, o ser humano continua repetindo padrões de insatisfação. O poema, transformado em música, brinca com a ideia de que, ao explorar lugares distantes como a Lua, Marte ou Vênus, o homem leva consigo suas próprias limitações e inquietações. Isso fica claro quando Drummond afirma que, após a "humanização" desses planetas, eles acabam se tornando "tão igual à terra" ou, no caso de Marte, "que lugar quadrado". A repetição dos verbos "experimentar, colonizar, civilizar, humanizar" reforça a ideia de um ciclo vicioso, em que a busca por novidade resulta sempre na mesma monotonia e tédio.

O contexto da obra mostra que Drummond usa a exploração espacial como metáfora para a busca constante por novos horizontes, mas também para a dificuldade de encontrar satisfação real. O ponto alto da ironia aparece quando, depois de conquistar todos os planetas, resta ao homem apenas a "dificílima dangerosíssima viagem de si a si mesmo". Drummond sugere que o verdadeiro desafio está no autoconhecimento: é preciso coragem para "pôr o pé no chão do seu coração" e aprender a "con-viver". Assim, a música propõe que a solução para a inquietação humana não está em fugir ou conquistar, mas em se conhecer e aprender a viver consigo mesmo e com os outros, encerrando com uma esperança discreta na possibilidade de autoconhecimento e convivência.