Adeus a Sete Quedas

Luto e crítica ao progresso em “Adeus a Sete Quedas”

Em “Adeus a Sete Quedas”, Carlos Drummond de Andrade expressa sua indignação diante da destruição das Sete Quedas do Rio Paraná, resultado da construção da Usina de Itaipu. O poema critica diretamente a atuação dos tecnocratas e a transformação do país em uma “empresa gélida”, mostrando o desconforto do autor com a lógica do progresso que sacrifica valores naturais e culturais em nome do desenvolvimento econômico. Ao afirmar: “toda a arquitetura, toda a engenharia / De remotos egípcios e assírios / Em vão ousaria criar tal monumento”, Drummond destaca a grandiosidade das Sete Quedas, comparando-as a obras históricas da humanidade e ressaltando a irreversibilidade da perda.

O tom do poema é de luto e denúncia. Drummond menciona “os sete fantasmas das águas assassinadas / Por mão do homem, dono do planeta”, relacionando a destruição das quedas à memória apagada dos povos indígenas e colonizadores. Metáforas como “sete boiadas de água, sete touros brancos” reforçam a força e vitalidade das quedas, agora silenciadas por um “silêncio empresarial”. O autor critica a falsa ideia de progresso, mostrando que, ao buscar “enriquecer” a vida com energia e conforto, a sociedade acaba empobrecendo-a, trocando algo insubstituível por ganhos materiais. O trecho final, “Sete fantasmas, sete crimes / Dos vivos golpeando a vida / Que nunca mais renascerá”, resume a denúncia de Drummond: trata-se de uma perda definitiva, um crime ambiental e existencial sem possibilidade de reparação.