A Voz Que Vem Das Ruas (part. Nego Mola)

A luta e resistência em "A Voz Que Vem Das Ruas"

"A Voz Que Vem Das Ruas (part. Nego Mola)", de Carlos Eduardo Taddeo, expõe de forma direta a dura realidade das periferias brasileiras, indo além da denúncia para revelar as contradições e hipocrisias da sociedade. A letra contrapõe a ideia de "paz" promovida pela mídia e pelas elites – “Ter a paz, mas não a que a Globo vende / A que te deixa de subalterno do aluno do Mackenzie” – à violência e exclusão vividas nas comunidades, mostrando que essa paz oferecida ao povo pobre é, na verdade, uma forma de submissão e silenciamento.

O refrão “A voz que vem das ruas” reforça o rap como espaço legítimo de expressão e resistência dos marginalizados. Imagens como “barraco de madeirite”, “fuzil FAL sem tripé na mão de uma criança” e “vida cruel por aqui” ilustram a precariedade e o ciclo de violência nas favelas. O verso “Admita que só montaram siglas em cela / Porque siglas como a USP sempre excluíram a favela” critica a exclusão social e educacional, conectando com a trajetória de Taddeo como ativista. A referência à “contagem progressiva de 0 a 3” sugere a expectativa de vida curta dos jovens periféricos, enquanto “o braço que levanta o desvalido no asfalto” aponta para a solidariedade e resistência coletiva.

A música também faz críticas diretas ao Estado e à elite, como em “Presidente, vai se foder com seu drone / Por que em vez tráfico, não mapeia o mapa da fome?”, questionando as prioridades do poder público e a criminalização da pobreza. Ao citar “o processo de branqueamento de Dom Pedro” e “dizimando negro”, a letra denuncia o racismo estrutural e a violência histórica contra a população negra. Com um tom direto e crítico, a música se firma como um manifesto da luta e resistência das periferias brasileiras.