Império Dos Ossos

Hipocrisia social e violência em “Império Dos Ossos”

“Império Dos Ossos”, de Carlos Eduardo Taddeo, faz uma crítica contundente à elite brasileira, mostrando como o luxo e o conforto dos mais ricos estão ligados à exploração, violência e morte dos marginalizados. O verso “A missão é temor máximo nos metros quadrados / Erguidos com ossos de flagelados descarnados” deixa claro que as áreas nobres e mansões são construídas sobre o sofrimento dos pobres, reforçando a ideia de que a desigualdade social no Brasil é violenta e estrutural. Esse tema é central no álbum, que denuncia a “fábrica de cadáveres” criada por esse sistema desigual.

A letra traz exemplos concretos, como os casos de João Hélio e Amarildo, para mostrar a brutalidade policial e a negligência do Estado com as vítimas da periferia. Ao citar “Seu capitalismo arrastou João Hélio pelo cinto” e “Pros Amarildos não tem comissão de direitos humanos da OAB”, Eduardo evidencia que a violência é resultado de um sistema que desumaniza e descarta vidas. Ele também usa ironia ao comparar a repressão ao tráfico nas favelas com a aceitação do comércio de álcool: “É hilário ser procurado por vender baseado / Quando o comerciante de Brahma é chamado de empresário”. Assim, a música denuncia a corrupção política, a seletividade da justiça e a cumplicidade das instituições na manutenção desse “império” de ossos e sofrimento.