O Necrotério Dos Vivos

A denúncia social em “O Necrotério Dos Vivos” de Carlos Eduardo Taddeo

Em “O Necrotério Dos Vivos”, Carlos Eduardo Taddeo utiliza a metáfora da morte para denunciar a desumanização das periferias brasileiras. O título e o refrão repetido – “Você aqui jaz no Necrotério dos Vivos” – não se referem à morte física, mas a uma existência marcada pela exclusão social, onde pessoas são privadas de direitos, dignidade e visibilidade. O conceito de necropolítica, desenvolvido por Achille Mbembe, é fundamental para entender a música: o Estado decide quem pode viver plenamente e quem será condenado a uma vida de sobrevivência precária, como nos versos “Você existe biologicamente, mas não socialmente” e “Assassinaram o controle do seu destino”.

A letra aborda temas como violência policial, racismo estrutural e criminalização dos movimentos sociais, refletindo a realidade das favelas. Expressões como “Walking Dead real, versão do opressor” reforçam a ideia de uma população viva, mas tratada como morta pelo sistema. O verso “São iguais perante a lei um caralho! Tem uma abordagem pra favela e outro pro bairro valorizado” critica a falsa universalidade dos direitos, enquanto a ironia em “comício que não tem um drone explosivo” aponta para a repressão estatal e a morte do senso crítico. Taddeo também destaca a indiferença social e o ciclo de violência institucionalizada, mostrando que a morte simbólica é cotidiana. Ao final, o rapper propõe resistência e consciência política como caminhos para romper com esse necrotério social.