Perdoar Nunca, Esquecer Jamais

Memória e denúncia social em “Perdoar Nunca, Esquecer Jamais”

Em “Perdoar Nunca, Esquecer Jamais”, Carlos Eduardo Taddeo adota uma postura de resistência diante da violência e da impunidade que afetam as periferias brasileiras. O título já deixa clara a recusa ao perdão e a importância de manter viva a memória das injustiças. Ao longo da música, Eduardo denuncia massacres sociais, citando diretamente regiões como Nova Iguaçu, Queimados, Barueri e Osasco, e conecta esses episódios à atuação violenta da polícia e à omissão do Estado. No trecho “o GAECO finge que grampeia a ligação / Pra ter como resultado dez no rabecão”, ele expõe a conivência institucional com execuções e a manipulação de investigações, reforçando o sentimento de abandono e revolta das comunidades atingidas.

A letra carrega indignação e luto, mas também um chamado à memória ativa: “Devemos isso pras vítimas dos massacres sociais”. Eduardo rejeita a narrativa que criminaliza as vítimas e naturaliza a morte de jovens periféricos, como mostra em “Ser normal cê conhecer vários sentenciados / Nenhum diplomado, e ter dez manos enterrados”. O rapper ainda faz paralelos entre tragédias internacionais e a realidade brasileira, comparando o número de mortos no Brasil com atentados globais e o Holocausto, para destacar a gravidade do genocídio silencioso nas favelas. O verso “O processo de eugenia nos nossos bairros / Em Paris teria o título de atentado” critica a seletividade da comoção pública e da justiça. Ao repetir o refrão, Eduardo reforça o compromisso de não esquecer e não perdoar, honrando as vítimas e exigindo justiça, em sintonia com sua trajetória de ativista e voz das periferias.