Jingle Abacaxi de Marataízes

Humor e regionalismo em “Jingle Abacaxi de Marataízes”

“Jingle Abacaxi de Marataízes”, de Carlos Fernandes, transforma um simples anúncio de feira em um símbolo cultural, misturando humor, espontaneidade e regionalismo. Um dos aspectos mais marcantes é que, embora Carlos Fernandes seja a voz conhecida do abacaxi de Marataízes, ele nunca esteve na cidade. Isso mostra como a comunicação popular pode criar laços afetivos e identitários mesmo à distância. O verso “É doce, doce, doce, parece que tem mel!” não só destaca a qualidade do abacaxi, mas também se tornou um bordão nacional, mostrando a força de um jingle em ultrapassar fronteiras e entrar para o imaginário coletivo.

A letra utiliza expressões típicas de pregão, como “vem cá meu senhor”, “vem cá homem de Deus” e “vamos trocar dois dedos de proza aqui”, criando um clima acolhedor e descontraído. O abacaxi é apresentado como especial, “da massa boa”, “maduro, granado, docinho”, e até com propriedades medicinais, como “cicatrizante” e “bom pra fazer xarope”. O tom leve e bem-humorado aparece em frases como “o preço é pequininho, pequenininho” e na inclusão inesperada de trechos de músicas populares, como “Chorando se foi quem um dia só me fez chorar”. Isso reforça a brincadeira com o repertório afetivo do ouvinte e o caráter popular do jingle. No fundo, a música celebra o abacaxi de Marataízes, a tradição oral dos pregões de rua e a alegria das feiras livres, aproximando o ouvinte com convites repetidos para “não ir embora” e “ficar aqui porque te amo”, típicos do comércio de rua brasileiro.