Feio, Não É Bonito

Crítica social e esperança em “Feio, Não É Bonito” de Carlos Lyra

A música “Feio, Não É Bonito”, de Carlos Lyra, faz uma crítica direta à romantização das favelas e do samba, expondo a dura realidade enfrentada pelos moradores dos morros. No verso “Feio, não é bonito / O morro existe / Mas pede pra se acabar”, Lyra questiona a tendência de exaltar o morro como símbolo de alegria e resistência, enquanto o sofrimento e a precariedade são ignorados. Composta em 1963, a canção reflete o contexto social da época, quando Lyra e Gianfrancesco Guarnieri buscavam alertar para a alienação causada pelo enaltecimento superficial das comunidades, sem que houvesse ações concretas para melhorar suas condições de vida.

A letra também ressalta a força dos moradores, que “canta, mas canta triste” e “chora, mas chora rindo”, mostrando a capacidade de resistir e manter esperança mesmo diante das dificuldades. O trecho “Ama, o morro ama / Um amor aflito, um amor bonito / Que pede outra história” expressa o desejo de mudança: apesar do orgulho pelo lugar, existe um apelo por uma vida mais digna. Assim, “Feio, Não É Bonito” vai além de uma homenagem ao samba ou à cultura do morro, tornando-se um manifesto contra a negligência social e a romantização da pobreza.