Tento Na Língua (part. Iolanda)

Ironia e empoderamento feminino em “Tento Na Língua (part. Iolanda)”

Em “Tento Na Língua (part. Iolanda)”, Carolina Deslandes e Iolanda usam a ironia para questionar as expectativas impostas às mulheres. Logo no início, a repetição do verso “Ai, se eu fosse mais calada / Ou se falasse devagar” destaca como a sociedade espera que mulheres sejam discretas, magras e que tenham "tento na língua" — ou seja, que se autocensurem. A música, inspirada tanto por experiências pessoais quanto pelo contexto das redes sociais, transforma essas cobranças em algo quase caricatural, expondo o absurdo dessas exigências e celebrando a autenticidade feminina.

A letra adota um tom de deboche e liberdade, especialmente em versos como “Manda vir uma garrafa, sexta feira santa / Bebe o vinho da casa, a gente brinda às manas” e “Hoje é p'ra festejar, sair daqui às tantas”. Esses trechos mostram a força da união entre mulheres e a recusa em aceitar papéis tradicionais, como fica claro em “Não sou dona de casa, eu sou dona do cubico”. A expressão “sou muita areia p'a tua carripana” reforça que elas não vão se diminuir para agradar ninguém. A referência a “tento na língua” simboliza a pressão para se calar, mas a música deixa claro que as artistas preferem se expressar livremente.

No final, a canção assume um tom leve de empoderamento, especialmente ao citar “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça / A mulher que balança a sair de casa / Não precisa de ninguém, nem precisa de nada”. Esse trecho, que dialoga com “Garota de Ipanema”, reforça a independência e autossuficiência feminina. “Tento Na Língua (part. Iolanda)” se destaca como um hino pop moderno que mistura crítica social, ironia e celebração da liberdade de ser quem se é.