Pracabá

Crítica social e deboche em "Pracabá" de Cauê Moura

"Pracabá", de Cauê Moura, é marcada por um humor ácido e escrachado que serve como ferramenta de crítica social. Logo no início, Cauê brinca com sua própria imagem ao dizer “tipo Cauã, só que sem a Grazi pra eu fuder”, ironizando o padrão de celebridade e a superficialidade do universo pop. O sarcasmo se intensifica quando ele aborda a hipocrisia religiosa, como no trecho em que um "pastor" pede “passa pra cá seu relógio” e “me passa a carteira”, escancarando o oportunismo de certos líderes religiosos e a mercantilização da fé, um tema recorrente em suas críticas.

A música também satiriza a busca por status e fama, citando figuras como Marquezine e brincando com a ideia de que só pessoas ricas ou famosas têm acesso a determinados privilégios. O verso “quem dá pra comer com a minha renda? Um monte de ex-BBB e as mina lá da fazenda” ironiza a valorização da fama instantânea e das relações superficiais promovidas pela mídia. O refrão “essa é a canção Pracabácosramelão / Se eu tenho um coração? A resposta é não!” reforça o tom debochado e a postura de indiferença diante das expectativas sociais.

No final, Cauê amplia suas críticas para a política, a mídia e até para si mesmo, assumindo o papel de “machão virtual que arrega nos conflitos da vida real”. O verso “eu sigo xingando, escandalizando, cagando na cara de quem tá tirando” resume o espírito provocador da faixa, que usa o deboche para expor as contradições da sociedade sem se levar a sério. "Pracabá" é um retrato fiel do estilo irreverente de Cauê Moura, que transforma o sarcasmo em comentário social.