Um Trem Para As Estrelas

Crítica social e esperança em "Um Trem Para As Estrelas"

"Um Trem Para As Estrelas", de Cazuza, retrata o cotidiano dos trabalhadores brasileiros como uma jornada de resistência diante das dificuldades sociais. A expressão "trem para as estrelas" funciona como símbolo da busca por esperança em meio a uma realidade opressora. O verso “Depois dos navios negreiros, outras correntezas” faz uma ligação direta entre o sofrimento atual e a herança da escravidão, mostrando que, mesmo após séculos, o povo brasileiro ainda enfrenta novas formas de exploração e adversidade.

A crítica social se aprofunda quando Cazuza menciona o Cristo Redentor: “Estranho o teu Cristo, Rio, que olha tão longe, além, com os braços sempre abertos, mas sem proteger ninguém”. Nessa passagem, ele questiona a eficácia dos símbolos religiosos e nacionais diante da desigualdade e do abandono social, reforçando a sensação de impotência coletiva. Ao citar “salários de fome” e “filas dos pontos de ônibus”, a letra expõe a rotina exaustiva e a luta diária pela sobrevivência. A metáfora do "trem para as estrelas" sugere um desejo de fuga ou ascensão, mesmo que inalcançável. O tom crítico e reflexivo da canção evidencia o engajamento político de Cazuza, que, junto a Gilberto Gil, constrói uma narrativa marcada pela indignação, mas também pela esperança resiliente do povo brasileiro.