
Cúmplice
Cazuza
Cidade, desejo e parceria fora da lei em “Cúmplice”
“Cúmplice” gira em torno de um duplo sentido: o amante é também parceiro de delito, e a cidade vira cenário de uma perseguição afetiva. As imagens de superstição e tato — “bati três vezes na madeira”, “uma carta em braile” que dá “certeza cega” — mostram um desejo guiado por sinais, não por lógica. Isso conversa com o contexto de 1985, no álbum Exagerado: a busca intensa por um amor do passado, que ressurge como aparição de esquina — “Você estava de volta ao bairro / Em alguma esquina à minha espera” — e que o narrador jura rastrear “nos avisos da lua / do outro lado da rua”. “Escrevi teu nome no ar” materializa esse impulso: gesto fugaz, mas cheio de fé, típico do romantismo urbano que Cazuza encena.
A narrativa é uma ronda noturna de quem não desiste: “Rodei todas as lanchonetes”, entre desejo cru — “tive idéias perversas” — e memória de “golpes espertos”. O léxico de crime e malandragem (“golpes”, “cúmplice”, “par na contramão”) sustenta duas leituras: metáfora das estratégias e transgressões do amor, ou fantasia de uma dupla fora da lei, cujo crime é a própria paixão. Quando afirma “Você não mudou em nada... eu também não, que bom!”, reforça a cumplicidade que resiste ao tempo e um pacto de permanecer rebelde. Lançada em 1985 no Exagerado e escrita com Zé Luis, a faixa condensa romance de esquina: febre, sinais da cidade e a certeza de que os dois funcionam melhor juntos, mesmo na contramão.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



Comentários
Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra
Faça parte dessa comunidade
Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Cazuza e vá além da letra da música.
Conheça o Letras AcademyConfira nosso guia de uso para deixar comentários.
Enviar para a central de dúvidas?
Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.
Fixe este conteúdo com a aula: