A Cara Do Brasil

Contradições e identidade nacional em “A Cara Do Brasil”

"A Cara Do Brasil", de Celso Viáfora, destaca como a identidade brasileira é formada por contradições e imperfeições, representadas por figuras como Garrincha e Aleijadinho. No verso “A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho / Ninguém precisa consertar”, a música sugere que essas características fazem parte da essência do país e não devem ser vistas como defeitos, mas como marcas autênticas da cultura nacional.

A letra percorre diferentes realidades do Brasil, mostrando contrastes sociais, econômicos e culturais. Expressões como “o homem que tem sede” e “quem vive da seca do sertão” abordam a desigualdade regional, enquanto “talher de prata” e “quem só come com a mão” evidenciam o abismo social. A menção ao professor Darcy Ribeiro e ao ativista Betinho reforça a presença de pessoas que lutaram por mudanças, enquanto referências a “Favela Naval” e “Trens da Alegria” apontam para problemas estruturais e corrupção. O contraste entre o Brasil “zero a zero e campeão” e o que “parou pelo caminho”, citando jogadores emblemáticos, ilustra a oscilação entre conquistas e frustrações, algo típico da trajetória nacional.

Ao perguntar “Qual a cara da cara da nação?”, a música não busca uma resposta única, mas mostra a multiplicidade de rostos, histórias e experiências que formam o Brasil. Com exemplos concretos de bairros, personalidades e situações do cotidiano, a canção aproxima a reflexão do ouvinte, ressaltando que a identidade brasileira é plural, contraditória e está sempre em construção.