Dai a Cesar o Que É de Cesar

Crítica social e fé em "Dai a Cesar o Que É de Cesar"

Em "Dai a Cesar o Que É de Cesar", Cesar MC faz uma crítica direta ao uso político da fé e à separação entre justiça social e poder institucional. O título, inspirado em uma passagem bíblica, serve para questionar a apropriação da religião por interesses políticos. Isso fica claro no verso: “A bancada evangélica não é Jesus / Então, dai a Cesar o que é de Cesar”, que destaca a importância de separar a espiritualidade verdadeira das manipulações políticas. O artista reforça a necessidade de não confundir fé com instrumentos de dominação, refletindo debates atuais sobre o papel da religião na política brasileira.

A letra também aborda de forma incisiva as desigualdades sociais e o racismo estrutural. Ao comparar as favelas a um “coliseu moderno”, Cesar MC mostra como a sobrevivência nesses espaços é uma luta diária. Versos como “O cidadão de bem dá um tiro do bem / Com sua arma do bem no suspeito do mal” ironizam o discurso de segurança pública que justifica a violência contra a população negra e periférica. Já a frase “Racismo é o câncer estrutural / Esse fato não depende da sua opinião” reforça a urgência do debate racial. Ao citar Rosa Parks e Martin Luther King, o rapper conecta a resistência brasileira à luta histórica pelos direitos civis, mostrando que a busca por justiça é tanto local quanto global. Assim, a música se consolida como um manifesto de indignação e resistência, exigindo equidade e denunciando a falsa meritocracia que mantém a exclusão social.