Mortal Kombat

Confronto e autenticidade em "Mortal Kombat" de Cesar MC

Em "Mortal Kombat", Cesar MC transforma o cenário do rap em um campo de batalha, usando o universo do famoso jogo para ilustrar a competitividade e os desafios do meio musical. Ele compara o torneio do rap à promessa de fama, mas alerta para os riscos: "levar sua alma, tipo Shang Tsung" – referência ao vilão do game que rouba a essência dos adversários, sugerindo que o sucesso pode custar a autenticidade dos artistas.

A letra marca uma mudança de postura do rapper, evidenciada em "Aquele velho Cesar não existe / É, tive que me adaptar". Cesar MC assume uma atitude mais agressiva e confiante, brincando com seu próprio nome ao se colocar como "imperador ou rei" e trazendo referências históricas e culturais, como Brutus, Aqualtune, "baby Looney Tunes" e "Ursinho Pooh". O verso "Era sobre mel, agora é sobre sangue" simboliza essa virada: ele deixa para trás uma fase mais leve e se prepara para enfrentar as disputas do rap. Ao citar atletas como Curry, Van Persie, Vini Jr. e Luís Fabiano, o rapper reforça a ideia de superação e destaque, mesmo vindo do "ponto cego do sudeste", referência à sua origem periférica e à dificuldade de ganhar reconhecimento nacional.

O tom provocativo cresce quando Cesar MC desafia a cena, ironiza análises superficiais e reafirma seu compromisso com causas sociais: "Corro pela causa black, que tenha mais voz / Mesmo que pareça inútil / Tipo Scrat atrás da noz". Ele denuncia a hipocrisia do meio, onde muitos buscam sucesso, mas se calam diante de questões importantes, e encerra com uma postura de enfrentamento: "Dane-se o pênalti, eu quero a briga". Assim, "Mortal Kombat" se destaca como um manifesto de autoconfiança e crítica ao sistema, usando o universo dos games para ilustrar a luta diária por espaço, respeito e autenticidade no rap brasileiro.