Quem Tem Boca Vaia Roma

Contestação e resistência em "Quem Tem Boca Vaia Roma"

O título "Quem Tem Boca Vaia Roma" já indica a postura provocadora de Cesar MC. Ao inverter o provérbio popular, o rapper sugere que, em vez de buscar aceitação, é preciso questionar e desafiar o sistema. Essa escolha de palavras reforça a crítica social que atravessa toda a música, onde Cesar MC expõe as dores históricas e atuais da população negra e periférica. Um exemplo marcante é o verso “400 anos que savana sangra / Em meio aos risos das hiena!”, que faz referência ao sofrimento da diáspora africana e à indiferença dos opressores.

Cesar MC utiliza experiências pessoais e referências conhecidas para ilustrar a violência estrutural. Ele cita Maria da Penha para abordar a luta contra a violência doméstica e fala sobre a abordagem policial recorrente: “Viatura ta quase Uber, mas não é vantagem / Pois quando a pele é escura mano nada cancela essa viagem!”. A crítica à mídia aparece em “Repara e compara o que mídia mascara / E quem hoje relata não vive o problema”, mostrando a manipulação e o distanciamento da realidade das periferias. O rapper também denuncia a precariedade da educação e o racismo sistêmico, como em “Onde a bala perdida sempre acha a pele preta!”.

A música é marcada por resistência e fé, elementos essenciais para quem enfrenta a desigualdade diariamente. Cesar MC se coloca como uma voz ativa contra as injustiças, afirmando: “contra injustiça minha alma berra / Até que a própria justiça retorne a terra!”. No final, a canção se transforma em um manifesto de sobrevivência e motivação: “Quer saber em meio ao caos o que ainda motiva? / Me diz algo mais motivador do que não ter saída!”. Assim, Cesar MC transforma sua vivência em denúncia, inspiração e resistência, consolidando-se como uma voz importante do rap nacional.