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Sovando Amores e Penas

César Oliveira

Letra

    O vento chegou mui bravo
    Sempre campeando um açoite
    Vagando dentro da noite
    Se entropilham nos anseios
    Que se extraviram no rastro
    De algum apelo medonho
    Que venho costear no sonho
    E me encontrou nos arreios.

    Sem sono pensando longe
    Lembrei da quela volteada
    Que andei correndo uma egüada
    No unharal da formosa
    Inté numa enchente grande
    Das macharronas me lembro
    Que dão no mês de setembro
    Com as cheias de santa rosa.

    Estes recuerdos são glórias
    Pra quen vive ou desdobrando
    A sina de andar rolando
    Sem ter medo do destino
    Sovando amores e penas
    Para encurtar as distâncias
    Que fazem de um peão de estância
    Um índio xucro e teatino.

    Surrado pelos güascassos
    Que nos aquebratam na acalma
    E vão castigandoa alma
    Deixando a estampa do avesso
    Mas se nasci pra ser quebra
    Ei de morrer junto aos malos
    Depois dum golpe dum pealo
    Vou ter o fim que mereço.

    Mas vou deixar o meu rastro
    Na volta dos corredores
    Na goela dos campeadores
    Ha de ficar o meu grito
    Que andará pedindo boca
    E retrechando na culatra
    De alguma tropiada ingrata
    Pra charqueada do infinito.

    Nas aguadas do banhado
    Meu corpo será remanso
    Campeando um tal de descanso
    Para que eu possa algum dia
    Pedir morada pra deus
    E venha surgir de novo
    Cheio de balda e retovo
    No lombo das sesmarias.

    Sovando amores e penas...


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