Avô Campeiro

A Saudade e a Tradição em 'Avô Campeiro' de César Passarinho

A música 'Avô Campeiro' de César Passarinho é uma homenagem nostálgica e carinhosa ao avô do narrador, que é retratado como um símbolo de sabedoria, tradição e força. A letra descreve com detalhes vívidos a figura do avô, com seu bigode branco e largo, amarelado pelo tempo e pelo palheiro, e suas vestimentas típicas de um campeiro, como as bombachas griz e as esporas lavradas. Esses elementos não só pintam um retrato físico do avô, mas também evocam a cultura e as tradições gaúchas, profundamente enraizadas na vida do narrador.

A relação entre o narrador e seu avô é marcada por admiração e aprendizado. O avô é visto como um mestre, alguém que ensina através de suas ações e presença. Quando o avô encilha o cavalo, o narrador, ainda um guri, observa com fascínio, enxergando na figura do avô a própria essência da pampa. Essa conexão com a terra e a cultura gaúcha é reforçada pela descrição do cavalo mouro, que responde ao comando do avô com uma espécie de dança, quase como se o freio fosse musical. Essa imagem poética sublinha a harmonia entre o homem e a natureza, um tema recorrente na música regionalista gaúcha.

Por fim, a música destaca a dualidade do avô como uma figura de autoridade e carinho. Ele é descrito como uma 'mescla de rei e de papai noel', alguém que oferece conselhos bons e é uma presença constante e reconfortante na vida do narrador. Essa dualidade reflete a complexidade das relações familiares e a importância dos laços intergeracionais na transmissão de valores e tradições. 'Avô Campeiro' é, portanto, uma celebração da memória, da cultura e do amor familiar, encapsulando a essência da vida no campo e a herança gaúcha.