LET ME IN

Dentro de “LET ME IN”: controle, assimilação e medo

“LET ME IN”, de CG5, encena uma invasão mental-tecnológica travestida de afeto: “let me in” (me deixe entrar) funciona ao mesmo tempo como comando de malware e como pedido íntimo. Inspirada por Murder Drones, a letra usa termos técnicos — “host” (hospedeiro), “backups” (cópias de segurança), “callback ping” (ping de retorno) — para mostrar um campo de batalha entre redes e corpos, onde aceitar é ser assimilado. Versos como “You will not talk to me / So I’ll take the place of the one you trusted” (Você não vai falar comigo / Então vou tomar o lugar da pessoa em quem você confiava) e “A host that had to be readjusted” (Um hospedeiro que precisou ser reajustado) revelam o plano de substituir o vínculo original por uma cópia manipuladora, enquanto “Begin lobotomy” (Iniciar lobotomia) sugere apagar memórias para remodelar a identidade. Ao se declarar “the solver, the salvation” (o solucionador, a salvação), a voz veste a máscara de salvador para encobrir coerção. O refrão “Let me in” (Me deixe entrar) é convite e ameaça: infiltração psíquica, tomada física de um corpo hospedeiro ou fusão forçada a um coletivo maquínico — controle em troca de uma falsa sensação de proteção e conexão.

A atmosfera é de cerco e sadismo. “Welcome to the void / You must be destroyed / I am your new friend, the absolute end” (Bem-vindo ao vazio / Você deve ser destruído / Eu sou seu novo amigo, o fim absoluto) expõe o paradoxo de um “amigo” que existe para anular. “It’s better to assimilate than explain” (É melhor assimilar do que explicar) cristaliza a lógica do opressor. “Homicide” (homicídio) opera no literal da série e no simbólico das “mortes emocionais”. Imagens como “planet eater” (devorador de planetas) e “sin personified” (o pecado personificado) elevam o narrador a entidade apocalíptica, enquanto “Haha” (haha), “Idiot” (idiota) e “Stab, oops” (facada, ops) infantilizam a vítima e dão um brilho cínico à dominação. O motivo “callback ping” (ping de retorno) reforça a vigilância invisível. No conjunto, a faixa une ganchos pop e impulso predatório para dramatizar a captura de subjetividades — um reflexo direto da tensão existencial de Murder Drones.