Lilith

Desejo, culpa e autonomia em "Lilith" de CHAMELEO

Em "Lilith", CHAMELEO escolhe a figura mitológica de Lilith para desafiar valores tradicionais e abordar temas como autonomia, desejo e culpa. Lilith, conhecida por não se submeter e buscar independência, serve como símbolo para questionar padrões impostos e explorar a dualidade entre prazer e vazio. Trechos como “Carteira Saint Lauren sem nem um puto dentro” e “Cai, cai, cai tão bem / O seu vazio com um lookinho da Prada” ironizam a busca por status e prazeres materiais, mostrando como o consumo pode disfarçar, mas não preencher, sentimentos de insatisfação interna.

A música também destaca a inversão de valores e a confusão entre o sagrado e o profano, como em “Deuses podem ser demônios / Se confundem nossas crenças / Paraísos podem ser infernos / Se confundem nas suas consequências”. Essa ambiguidade reforça o conflito entre ceder aos impulsos ou buscar equilíbrio. Ao dizer “Sou a maça, você é o Adão e Eva”, CHAMELEO sugere que todos estão sujeitos à tentação, independentemente das intenções. O refrão “Lili-lili-li-lith / Pronto pra cair na tentação” resume a entrega consciente ao erro, ressaltando a natureza humana de buscar o proibido mesmo diante das consequências. Assim, a canção propõe uma reflexão sobre desejos, escolhas e a complexidade de ser autêntico em meio a julgamentos sociais.