Bitter

A autossabotagem emocional em "Bitter" de Chappell Roan

Em "Bitter", Chappell Roan aborda de forma direta como a amargura pode se tornar um refúgio diante da dor de um relacionamento que não deu certo. No verso “Bitter feels better than tryna get better and I / Yes, I love being bitter” (“Ser amarga é melhor do que tentar melhorar e eu / Sim, eu amo ser amarga”), a artista deixa claro que, para ela, é mais fácil se apegar à amargura do que correr o risco de tentar mudar e se decepcionar novamente. O tom sarcástico e resignado da música reforça essa escolha, especialmente quando Roan admite que ser amarga a faz se sentir melhor, mesmo reconhecendo o desgaste emocional: “But it makes me feel weathered” (“Mas isso me faz sentir desgastada”).

A letra também destaca o contraste entre a nostalgia de um passado mais leve e a autodepreciação do presente. Ao lembrar “I used to laugh like the cartoon children / I wasn't always this way / Once sweet like an orange creamsicle” (“Eu costumava rir como as crianças dos desenhos animados / Eu nem sempre fui assim / Já fui doce como um picolé de laranja com creme”), Roan mostra como experiências negativas podem transformar alguém. Metáforas como “I'm made of jade and I'm feeling pretty jaded” (“Sou feita de jade e estou me sentindo bem desgastada”) reforçam a ideia de dureza emocional. O refrão “Now I'm sick in the head and it's not even my fault” (“Agora estou mal da cabeça e nem é culpa minha”) revela o conflito entre assumir responsabilidade e se sentir vítima das circunstâncias. No final, Roan sugere que talvez parte da culpa seja dela, tornando "Bitter" uma reflexão honesta sobre vulnerabilidade, autossabotagem e o ciclo difícil de romper com a amargura.