My Kink is Karma

Empoderamento irônico e justiça em “My Kink is Karma”

Em “My Kink is Karma”, Chappell Roan aborda o ressentimento pós-término de forma ousada e irônica, transformando a dor em prazer ao ver o ex-parceiro sofrer as consequências de suas próprias escolhas. O título já revela o tom provocativo: Roan assume que seu "kink" – ou seja, seu prazer não convencional – é justamente assistir ao ex se autodestruir. Isso fica claro em versos como “People say I'm jealous, but my kink is watching you ruin your life” (As pessoas dizem que estou com ciúmes, mas meu prazer é ver você arruinar sua vida), onde ela rejeita o rótulo de ciumenta e assume o deleite em ver o outro se dar mal.

A própria artista descreve a música como “insanely toxic” (insanamente tóxica) e inspirada em experiências pessoais, o que explica o tom sarcástico e a honestidade direta da letra. Roan utiliza imagens como “ruined my credit, stole my cute aesthetic” (acabou com meu crédito, roubou meu estilo fofo) e “date girls who are eighteen” (sai com garotas de dezoito anos) para expor mágoas e criticar o comportamento do ex de forma debochada. Situações embaraçosas, como “having a meltdown” (tendo um colapso), “getting kicked out” (sendo expulso) e “crashing your car” (batendo seu carro), são celebradas como pequenas vinganças do destino. O videoclipe reforça essa ideia, com Roan interpretando uma versão caricata do próprio karma. Assim, a música se destaca por transformar o sofrimento do término em uma narrativa de empoderamento irônico, onde a justiça poética se torna fonte de prazer e libertação.