A Brincar

Imaginação sem limites em “A Brincar”, do Chaves no Brasil

“A Brincar” contrapõe posse e imaginação. Ao dizer “De mil brinquedos seria o dono”, a voz assume um sonho acordado em que qualquer coisa vira diversão, reforçado pelo refrão “Tudo serve quando é hora de brincar!”. A enumeração de objetos — “velocípedes, patins e patinetes…”, “uma caixa de lápis coloridos”, “um ursinho lindo” — não cria hierarquia: “Coisas grandes/Pequeninas/Bicicletas/Bailarinas” coloca lado a lado universos distintos, atravessando tamanhos, estilos e papéis de gênero. Quando surge “a boneca de cavalo cavalgando e de bicicleta andando”, a letra anima os brinquedos e mistura funções, sinalizando liberdade para brincar sem regras rígidas. Já “um avião para voar!” pode ser o brinquedo físico e, ao mesmo tempo, a metáfora do desejo de ir além.

Gravada no álbum “Chaves” (1989), com os dubladores brasileiros e produção de Mário Lúcio de Freitas, “A Brincar” captura o espírito de “El Chavo Del Ocho” exibido pelo SBT: um convite coletivo — “Brincaremos, brincaremos sem parar” — que transforma o cotidiano em aventura. A letra celebra tanto o que se tem quanto o que se inventa, aproximando “tamborim” e “marionetes” do “forninho pra fazer a comidinha” e da “bola pra chutar”, sem fronteiras entre tipos de brincadeira. Até os “soldadinhos… em exércitos enormes” ampliam a escala pela fantasia, mostrando o brincar como território compartilhado e inesgotável — exatamente o clima que o álbum brasileiro de “Chaves (El Chavo Del Ocho)” buscou entregar às crianças.