Woman

Resistência e ancestralidade feminina em “Woman” de Neneh Cherry

Em “Woman”, Neneh Cherry subverte a famosa frase de James Brown ao afirmar que este é, na verdade, um mundo de mulheres, não apenas "um mundo de homens". A artista utiliza sua própria trajetória e herança etíope como símbolos de resistência e ancestralidade, especialmente ao dizer “I got all of Ethiopia inside of me” (Eu tenho toda a Etiópia dentro de mim). Essa referência conecta sua identidade pessoal à experiência coletiva das mulheres, reforçando que a força feminina atravessa gerações e fronteiras. Cherry destaca essa ideia ao afirmar que seu sangue “flows through every man and every child in this godless land” (corre por todo homem e toda criança nesta terra sem Deus), mostrando como a presença e o legado das mulheres são fundamentais para a humanidade.

A letra aborda as diversas formas de opressão e resiliência enfrentadas pelas mulheres. Cherry menciona ser chamada de “witch” (bruxa) por sua sabedoria e capacidade de cura, além de ter sido “crackled in the fire” (crepitada no fogo) e “called a liar” (chamada de mentirosa), evocando a perseguição histórica às mulheres que desafiaram normas sociais. Ao afirmar “I've died so many times, I'm only just coming to life” (Morri tantas vezes, estou apenas começando a viver), ela sugere que, apesar das tentativas de silenciamento, a mulher sempre renasce mais forte. Assim, a música se torna um hino de empoderamento, celebrando a dor, o orgulho e a esperança, e ressaltando a capacidade transformadora das mulheres em um mundo ainda marcado pelo domínio masculino.