
Construção
Chico Buarque
A crítica social e a rotina do operário em “Construção”
Em “Construção”, Chico Buarque retrata a vida do trabalhador da construção civil de forma crua e impactante, destacando a alienação e a desumanização causadas pela rotina exaustiva. A repetição dos versos e o uso de palavras proparoxítonas no final de cada linha reforçam a ideia de um cotidiano mecânico, como em “subiu a construção como se fosse máquina”. Essa estrutura evidencia como o operário perde sua individualidade, vivendo de forma automática e sem reconhecimento, até mesmo nos gestos mais íntimos, que são feitos “como se fosse a última” ou “como se fosse o único”. Isso sugere a urgência e a precariedade de cada momento, já que a morte é uma ameaça constante para quem vive nessas condições.
O contexto da ditadura militar no Brasil intensifica a crítica social presente na música. Chico Buarque expõe a indiferença da sociedade diante da morte do trabalhador, como no verso “morreu na contramão atrapalhando o tráfego”, que mostra como a tragédia é vista apenas como um obstáculo para a ordem urbana, e não como uma perda humana. Metáforas como “flutuou no ar como se fosse um pássaro” e “se acabou no chão feito um pacote flácido” despersonalizam o personagem, ressaltando sua fragilidade diante do sistema. O final, com “Deus lhe pague”, traz uma ironia amarga, agradecendo sarcasticamente pelas condições precárias e pela exploração, ao mesmo tempo em que denuncia a falta de reconhecimento e dignidade reservada à classe trabalhadora brasileira.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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