Doze Anos

Infância e nostalgia em "Doze Anos" de Chico Buarque

"Doze Anos", de Chico Buarque, retrata a infância de forma realista, misturando inocência, liberdade e pequenas transgressões. A música destaca momentos marcantes dessa fase, como "jogando muito botão", "rodopiando pião" e "guerra de pipa no céu", que evocam a criatividade e a alegria típicas dos doze anos. Chico não idealiza a infância: ele mostra também as curiosidades e travessuras, como em "fazendo troca-troca" e "olhando fechadura e vendo mulher nua", reconhecendo que o crescimento envolve descobertas e ambiguidades.

A canção dialoga com o poema "Meus Oito Anos", de Casimiro de Abreu, ao abordar a saudade desse tempo, mas vai além ao incluir as experiências menos ingênuas e mais complexas da pré-adolescência. Ao mencionar ações como "sair pulando muro", Chico amplia o olhar sobre a infância, mostrando que ela é feita tanto de fantasia quanto de desafios. Assim, a saudade evocada pela música é chamada de "ingrata", pois, apesar de intensa, é impossível reviver plenamente aqueles momentos. "Doze Anos" se destaca por tratar a infância com honestidade, reconhecendo tanto sua beleza quanto suas contradições.