E Se...

O humor e a imaginação em "E Se..." de Chico Buarque

Em "E Se...", Chico Buarque explora o absurdo e o improvável ao criar uma série de situações que desafiam a lógica, como “E se o oceano incendiar?” ou “E se o urubu cocorocar?”. Essas hipóteses impossíveis ou altamente improváveis servem para provocar o riso e mostrar que, no universo da imaginação, tudo é possível. O tom leve e irônico da música é reforçado por referências ao cotidiano brasileiro, como a improvável vitória do Botafogo ou a gentileza de um delegado, situações que muitos consideram quase fantásticas.

A canção faz um paralelo entre esses cenários surreais e as incertezas do amor, especialmente nos versos finais: “E se eu convidá-la para dançar? / E se ela ficar assim, assim? / E se eu lhe entregar meu coração? / E meu coração for um quindim?”. Nesses trechos, Chico mistura o medo da rejeição com a doçura de se apaixonar, usando o quindim, um doce brasileiro, como metáfora para um coração vulnerável e desejoso de ser aceito. No fundo, a música sugere que, assim como esperar neve no sertão ou sopa para o peão, o amor é repleto de incertezas e surpresas, e é justamente isso que o torna tão interessante.