Paratodos

Celebração da diversidade cultural em "Paratodos" de Chico Buarque

Em "Paratodos", Chico Buarque faz uma homenagem à identidade brasileira ao destacar sua própria ancestralidade logo nos primeiros versos: “O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano”. Ao citar familiares de diferentes regiões, Chico mostra como sua trajetória é resultado da mistura de culturas, refletindo a pluralidade do Brasil. A referência a “Antonio Brasileiro” como “maestro soberano” funciona como uma metáfora para a brasilidade, sugerindo que a música nacional é conduzida por essa diversidade de influências.

A letra segue homenageando grandes nomes da música brasileira, usando verbos como “use”, “vá de”, “fume”, “cheire” e “beba” para mostrar que a influência desses artistas é fundamental, quase como uma necessidade vital. Trechos como “Use Dorival Caymmi / Vá de Jackson do Pandeiro” e “Fume Ari, cheire Vinícius / Beba Nelson Cavaquinho” indicam que absorver essas referências é essencial para a formação artística e emocional. O uso desses verbos também brinca com a ideia de consumir arte como algo indispensável ou até viciante. Ao citar músicos de diferentes estilos e regiões, Chico constrói uma verdadeira celebração da diversidade cultural, reforçada por relançamentos como a versão de 2020, que reuniu artistas de várias origens.

No refrão final, Chico se apresenta como “um artista brasileiro” que percorre a estrada há muitos anos, reconhecendo-se como parte de uma linhagem coletiva. Assim, "Paratodos" não só homenageia grandes nomes da música nacional, mas também convida o ouvinte a valorizar a riqueza e a unidade presentes na diversidade cultural do Brasil.