
O Meu Guri
Chico Buarque
Contraste materno e tragédia social em “O Meu Guri”
Em “O Meu Guri”, Chico Buarque retrata a perspectiva de uma mãe que, com ingenuidade e orgulho, interpreta os presentes e conquistas do filho como sinais de sucesso, sem perceber que eles vêm do envolvimento dele com o crime. Trechos como “Tanta corrente de ouro, seu moço, que haja pescoço pra enfiar” e a enumeração de objetos trazidos pelo garoto — bolsas com documentos, carregamentos de relógio e gravador — deixam claro para o ouvinte o contexto de criminalidade e violência urbana. No entanto, a mãe prefere acreditar que tudo é fruto do esforço do filho, ignorando ou negando a realidade por trás dessas conquistas.
A música, composta em 1981, reflete o contexto social brasileiro da época, marcado pela desigualdade e pela falta de oportunidades para jovens das periferias. Chico Buarque utiliza a narrativa materna para mostrar como o amor e a esperança podem se misturar à negação diante de uma realidade dura. A mãe reza pelo filho, consola e é consolada, mas não entende o “alvoroço” quando ele aparece nas manchetes policiais, “com venda nos olhos, legenda e as iniciais”. O refrão “Olha aí! Ai, o meu guri, olha aí!” reforça tanto o orgulho quanto a cegueira diante do destino trágico do filho, que, apesar de “chegar lá”, acaba vítima da própria trajetória. Assim, a canção denuncia a desumanização da infância e a violência estrutural, ao mesmo tempo em que humaniza a dor e a esperança de quem vive à margem.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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