
A Cidade Dos Artistas
Chico Buarque
“A Cidade Dos Artistas” entre glamour e sobrevivência
Chico Buarque aproxima o artista‑celebridade do artista sem‑teto e os coloca na mesma cidade: capa de revista e marquise de ponte viram portas do mesmo corredor. O suposto salto para o estrelato é irônico: a turnê "ao Japão com o teu pianista" nasce no orelhão e desemboca em "entrevistas / debaixo da ponte". Em "A Cidade Dos Artistas", ser artista é vender sonho e risco a preço de chapéu. O número de rua troca glamour por sobrevivência: engolir peixeira, beber formicida, cuspir labareda para "empolgar o turista". Quando a praça esvazia, a realidade bate em "lá se foi o turista / o dinheiro, a peixeira / a cadeira e o chapéu".
Depois vem a fatura do cotidiano: comer fiapo, vestir farrapo, catar guimba e tomar uma pinga. A imagem "Ser um vaga-lume" carrega ambiguidade precisa: um ponto de luz insistente, mas frágil e errante, à mercê do "rapa". "O rapa te pega, te dobra, te amassa e te joga lá dentro" resume a ação do poder público que transforma o artista em objeto e reforça a invisibilidade de quem "não ter documento". Escrita para Os Saltimbancos Trapalhões, parceria de Chico com Sergio Bardotti e Luis Enriquez Bacalov, a canção usa humor e imagens lúdicas para uma crítica social direta. Ela expõe o ciclo completo — sonho, produto e preço — e mostra que o reconhecimento é lampejo, enquanto a sobrevivência exige malabarismo constante.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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