Amor Barato

A valorização do cotidiano em "Amor Barato" de Chico Buarque

Em "Amor Barato", Chico Buarque desconstrói a ideia de um amor idealizado ao destacar um relacionamento simples, marcado por imperfeições e limitações. O verso “um tipo de amor que é de mendigar cafuné, que é pobre e às vezes nem é honesto” mostra um afeto sem glamour, onde as carências e pequenas falhas fazem parte da rotina do casal. A imagem do “cobertor curto” reforça essa realidade, sugerindo que o casal precisa se adaptar e encontrar aconchego mesmo diante das dificuldades materiais e emocionais.

Chico utiliza expressões como “pechincha de amor” e “esfarrapar e cerzir” para aproximar o sentimento do universo popular, mostrando que esse amor, apesar de ser chamado de “barato”, é tratado com cuidado e respeito, como indica a frase “com o zelo de quem leva o andor”. A comparação com a “maria-sem-vergonha”, uma flor comum e resistente, simboliza um amor que sobrevive às adversidades e não depende de aprovação externa. O contexto do álbum "Almanaque" e a parceria com Francis Hime reforçam o tom afetuoso e despretensioso da canção, que valoriza o afeto genuíno do dia a dia, sem idealizações, mas cheio de significado nas pequenas coisas.