
O Malandro 2
Chico Buarque
Crítica social e resistência em “O Malandro 2” de Chico Buarque
Em “O Malandro 2”, Chico Buarque utiliza ironia e imagens marcantes para retratar a morte do malandro, figura tradicional da boemia carioca. A letra mostra como esse personagem, antes símbolo de esperteza e resistência popular, é reduzido a um cadáver ignorado e ridicularizado pela sociedade. O verso “quem passa acha graça na desgraça do infeliz” evidencia a indiferença e até o prazer cruel de uma sociedade acostumada à violência e à marginalização, especialmente em períodos de repressão política. Ao chamar o malandro de “um presunto de pé junto e com chulé”, Chico mistura humor negro e desprezo, criticando a desumanização promovida pelo contexto autoritário da época.
A música traz descrições fortes, como “hematoma no nariz”, “funda cicatriz” e “seu rosto tem mais mosca que a birosca do Mané”, para escancarar a brutalidade sofrida pelo malandro. Essas imagens funcionam como metáfora para a repressão do Estado Novo e da ditadura militar dos anos 1970. O trecho “o coitado foi encontrado mais furado que Jesus” faz referência ao martírio, comparando o malandro a Cristo e sugerindo que ele também é vítima de uma sociedade que elimina seus símbolos de resistência. Por fim, a estrofe “e no entanto ele se move como prova o Galileu” faz alusão à frase de Galileu Galilei, “E pur si muove” (“E, no entanto, ela se move”), indicando que, apesar da morte e do esquecimento, o espírito de resistência do malandro — e do povo — continua vivo diante da opressão.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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