Rebichada

A Fábula da Rebichada: Uma Crítica Social em Forma de Canção

A música "Rebichada" de Chico Buarque é uma obra rica em metáforas e simbolismos, que utiliza a linguagem de fábulas e histórias antigas para tecer uma crítica social. A letra começa com o eu lírico afirmando que não se importa em trabalhar arduamente, comparando-se a diversos animais como o cachorro, o jumento e o gato. Essa comparação sugere a condição de exploração e subserviência que muitas pessoas enfrentam, especialmente em contextos de desigualdade social. A menção ao carnaval, um período de festa e folia, contrasta com a dura realidade do trabalho e da sobrevivência diária.

Chico Buarque utiliza a repetição de sons de animais como "au, au, au" e "miau, miau, miau" para reforçar a ideia de que a história se repete, e que as condições de exploração e injustiça são cíclicas. A letra também faz referência a uma história antiga, que é passada de geração em geração, simbolizando como as estruturas de poder e opressão se perpetuam ao longo do tempo. A narrativa inclui personagens como o velho barão, o alemão, o grego e o pirata, que representam diferentes figuras de autoridade e exploração.

A música também aborda a questão da dignidade e do valor pessoal. O eu lírico afirma que, apesar de sua condição subalterna, não aceita ser desrespeitado e está disposto a lutar por sua honra. A frase "Largo a pata" sugere uma reação agressiva contra qualquer forma de desrespeito. A repetição da história é um tema central, indicando que, apesar das mudanças superficiais, as estruturas de poder e opressão permanecem as mesmas. Chico Buarque, conhecido por suas letras engajadas e críticas sociais, utiliza "Rebichada" para questionar e refletir sobre a condição humana e as injustiças sociais de forma poética e metafórica.