Viver do Amor

O amor como trabalho e sacrifício em “Viver do Amor”

Em “Viver do Amor”, Chico Buarque rompe com a visão idealizada do amor ao retratá-lo como uma tarefa exigente, distante do romantismo tradicional. A música compara o amor a profissões que exigem disciplina e sacrifício, como fica claro no verso: “há que se amar sem amar, sem prazer e com despertador – como um funcionário”. Aqui, Chico sugere que manter uma relação amorosa depende de esforço diário, rotina e até mesmo de abrir mão de desejos pessoais, afastando-se da ideia de paixão espontânea e prazerosa.

A canção aprofunda essa perspectiva realista ao afirmar: “há que penar no amor pra se ganhar no amor, há que apanhar e sangrar e suar como um trabalhador”. O amor é apresentado como um ofício que envolve sofrimento, dedicação e resiliência. O verso “o amor é sacrifício, o amor é sacerdócio” resume essa visão, equiparando o ato de amar a uma missão que exige entrega total, semelhante ao trabalho de um missionário. A escolha de Marlene para interpretar a música, com sua voz marcante, reforça a dramaticidade e a sinceridade dessa abordagem, evidenciando a complexidade emocional do amor segundo Chico Buarque.