Bardo (part. Zeca Baleiro)

A Jornada Interior de um Bardo: Reflexões e Contradições em 'Bardo' de Chico César e Zeca Baleiro

A música 'Bardo', interpretada por Chico César com a participação de Zeca Baleiro, é uma profunda reflexão sobre a condição humana, marcada por incertezas, contradições e uma busca incessante por sentido. A letra começa evocando imagens de 'loucos carnavais' e 'temporais', sugerindo uma vida cheia de altos e baixos, de momentos intensos e caóticos. O 'bardo do vazio' se vê a bordo de um navio que nunca partiu, uma metáfora poderosa para a sensação de estagnação e a busca por um propósito que parece sempre fora de alcance.

A canção também aborda a luta interna do eu-lírico, que se vê como um 'soldado que erra', lutando contra guerras que já perdeu. Essa imagem é reforçada pela repetição do verso 'o espelho encaro, réu, sou eu', indicando uma autoavaliação crítica e dolorosa. A figura do 'desleixado Johnny Cash' que 'postasse que dissesse hashtag volta amor' traz uma mistura de referências culturais, combinando a imagem do icônico cantor country com a modernidade das redes sociais, sugerindo uma tentativa de reconciliação com o passado e um desejo de redenção.

A repetição dos versos 'eu, fera farta que ataca e afia a lâmina da faca só para ferir a flor' revela uma autocrítica feroz, onde o eu-lírico se vê como alguém que, mesmo cansado, continua a causar dor, talvez como uma forma de lidar com suas próprias feridas. A música, portanto, é uma jornada introspectiva que explora a complexidade das emoções humanas, a luta entre o desejo de mudança e a inércia, e a busca por paz em meio ao caos interno e externo.