Acorda Zé

Crítica à rotina e alienação em “Acorda Zé” de Chico Chico

Em “Acorda Zé”, Chico Chico utiliza situações do dia a dia, como consultas médicas e conselhos de saúde, para ironizar a burocratização da vida moderna e a superficialidade das relações. O refrão repetitivo “Acorda, Zé!” serve como um chamado literal e simbólico, sugerindo que o personagem precisa despertar para algo além da rotina automática e das recomendações impessoais. A referência ao consultório que liga para remarcar procedimentos e se desculpa “via via virtual” destaca a crítica à perda do contato humano, reforçada pela pergunta direta: “O que se passa com contato pessoal?”.

A letra também aborda a medicalização excessiva da vida, citando o “tarja preta sensacional” e o remédio fictício “Não-sei-o-que-pacol”, ironizando a facilidade com que se prescrevem soluções químicas para problemas existenciais. O trecho sobre convencer o Zé a parar de fumar, seguido da promessa de “seguridade em território nacional”, satiriza a ideia de que a vida pode ser garantida por contratos ou sistemas, quando, no fim, todos têm o mesmo destino: “te enterram”. O tom irônico e descontraído da música, aliado à repetição e ao uso de frases burocráticas, reforça a crítica à alienação e à busca por soluções fáceis para questões profundas, tornando “Acorda Zé” um retrato bem-humorado das ansiedades contemporâneas.