Fogo no X9

Violência e códigos de lealdade em “Fogo no X9”

A música “Fogo no X9”, de Cidinho e Doca, expõe de forma direta a hostilidade enfrentada pelos chamados “X9” nas favelas cariocas. O termo “X9” é usado para identificar delatores ou informantes que colaboram com a polícia, vistos como traidores pela comunidade. O refrão, “Fogo no X9 / Da cabeça aos pés / Pega o álcool e o isqueiro”, é uma metáfora clara para a punição violenta reservada a quem quebra o código de silêncio, mostrando a intolerância à traição e a prática da justiça pelas próprias mãos em algumas comunidades.

A letra utiliza comparações como “É igual a praga / Em toda favela tem / Não acaba nunca / É igual mosquito / Todo lugar tem” para mostrar que o problema do X9 é recorrente e inevitável, sempre ressurgindo apesar das tentativas de eliminação. O tom da música é de revolta e alerta, com frases como “O primeiro que sair do bagulho é o X9” e “Ele tudo que vê fala / Está desesperado / Já deu a endolação / E agora é procurado”, deixando claro que a delação é vista como um ato perigoso e covarde, que coloca em risco a vida de outros moradores. O uso de gírias e expressões populares reforça a autenticidade da narrativa, conectando a música ao cotidiano das favelas.

Por ser um “proibidão”, o funk traz uma linguagem crua e direta, refletindo a realidade difícil das comunidades e a tensão constante entre moradores, polícia e delatores. “Fogo no X9” não só denuncia a presença dos X9, mas também serve como um aviso e reafirmação dos códigos internos das favelas, onde a lealdade é fundamental e a traição não é perdoada.