O Que Eu Bebi

Humor e exagero no sofrimento amoroso em “O Que Eu Bebi”

Em “O Que Eu Bebi”, Clarice Falcão transforma o drama do fim de um relacionamento em uma sátira bem-humorada, usando o exagero como ferramenta principal. A frase “O que eu bebi por você dá pra encher um navio” escancara o quanto o sofrimento amoroso pode ser amplificado, quase como se fosse uma competição de quem sofre mais. A artista ironiza a própria dor ao mostrar que, no processo de tentar esquecer alguém, até pessoas alheias se beneficiam, como “cada dono de boteco e catador de lata”, que aparecem na letra como figuras agradecidas pelo consumo excessivo de bebida.

O humor ácido também está presente nas situações cotidianas e autodepreciativas, como em “acordar no bidê” e “me fazia tão mal que já era normal”. Esses trechos mostram como o sofrimento se torna parte da rotina e até motivo de piada. A regravação da música no EP “Eu Me Lembro” marca um momento de amadurecimento para Clarice Falcão, que revisita o tema com uma nova sonoridade, mas mantém o tom leve e irônico. Assim, a canção fala sobre a dificuldade de superar um amor, mas faz isso de forma divertida, usando o álcool como metáfora para o exagero das emoções e para a tentativa, muitas vezes frustrada, de anestesiar a dor do término.