Pra Ter o Que Fazer

A Busca por Propósito em 'Pra Ter o Que Fazer' de Clarice Falcão

A música 'Pra Ter o Que Fazer' de Clarice Falcão explora a inquietação humana diante da inatividade e a necessidade de encontrar propósito e ocupação. A letra começa com uma série de metáforas que personificam objetos inanimados, como telefones, janelas e carros, sugerindo que até mesmo coisas sem vida têm um desejo intrínseco de ação e movimento. Essa personificação reflete a própria ansiedade da narradora em relação à inércia e ao tédio.

No segundo verso, a música aborda a ideia de que a existência sem propósito é insustentável. A menção a um relógio parado e a um som sem som enfatiza a inutilidade e a tristeza de uma vida sem atividade. A referência ao apêndice como o órgão mais triste é uma metáfora para a sensação de ser desnecessário ou sem função. A narradora então se recusa a aceitar essa condição para si mesma, buscando ativamente maneiras de se manter ocupada.

A partir daí, a música descreve ações deliberadas da narradora para criar ocupações, como marcar consultas médicas antes mesmo de adoecer e fazer estardalhaços sem motivo aparente. Essas ações são uma tentativa de preencher o vazio e dar sentido ao tempo. A complicação proposital de situações simples e a criação de histórias longas são estratégias para evitar a sensação de inutilidade. A música, portanto, reflete uma crítica sutil à sociedade moderna, onde a ocupação constante é muitas vezes vista como sinônimo de valor e propósito, mesmo que isso signifique criar problemas onde não existem.