Cegueira

A Cegueira da Cidade: Uma Reflexão Poética de Cláudio Lins

A música 'Cegueira' de Cláudio Lins é uma profunda reflexão sobre a decadência e a desilusão de uma cidade que outrora era vibrante e cheia de vida. A letra começa descrevendo uma cidade 'afogada', uma metáfora poderosa para a perda de vitalidade e esperança. As 'mãos para os céus' simbolizam a busca desesperada por um milagre ou uma mudança, enquanto a referência ao 'tempo em que tudo era belo' evoca uma nostalgia por um passado idealizado que já não existe mais.

A canção também aborda a perda de valores e sentimentos que antes eram comuns, como as 'canções como antes' e 'paixões delirantes', que agora estão 'extintas no medo'. O 'degelo do apreço' sugere que a frieza e a indiferença tomaram conta, resultando em uma cegueira coletiva. A repetição da palavra 'cegar' reforça a ideia de que a sociedade está insensível e incapaz de ver a beleza e a importância das coisas simples da vida.

No refrão, a esperança de que 'ainda vai chover' e 'os dias vão raiar' traz uma dualidade de sentimentos. A chuva pode ser vista como uma purificação, mas também como algo que perpetua a tristeza ('pra sempre chorar'). A segunda estrofe continua a pintar um quadro sombrio, com 'cores tão mortas' e 'flores sem pátria', simbolizando a falta de identidade e propósito. A cidade é descrita como um lugar de 'tropeços' e 'sujeira', onde até as crianças, símbolo de inocência e alegria, parecem não ter mais espaço para brincar. A música termina com um desejo ambíguo de um fim 'sem maldades, sem dor nem tristeza', mas também sem a 'sujeira' que corrompe a vontade, deixando uma reflexão sobre o que realmente significa viver em uma sociedade que perdeu seu rumo.