Anestesiado (part. Hugo e Guilherme)

Dor e fuga emocional em "Anestesiado (part. Hugo e Guilherme)"

"Anestesiado (part. Hugo e Guilherme)", de Cleber e Alex, aborda de forma direta como o uso de vícios se torna um mecanismo de sobrevivência emocional após um término doloroso. No trecho “A fumaça acaba com meu pulmão / A bebida destrói o meu fígado / A saudade afoga meus olhos / E mesmo assim sobrevivo”, fica claro que o personagem recorre ao cigarro, à bebida e a outros excessos para suportar a dor do fim do relacionamento, mesmo ciente dos danos físicos e emocionais. O termo “anestesiado” é central, mostrando que o entorpecimento provocado pelos vícios é visto como a única saída para amenizar o sofrimento.

A música se insere no contexto do sertanejo contemporâneo, que frequentemente trata de desilusões amorosas e autodestruição. Isso aparece na autocrítica do personagem, especialmente no verso “Como tem coragem de ficar falando mal dos meus vícios / Se eles tão salvando o que fez comigo?”, onde os vícios são apresentados como uma resposta ao trauma do término, invertendo a lógica tradicional de condenação. A repetição de “tem pedaços de mim em camas variadas / amores mal vividos, bocas mal beijadas, noites mal dormidas” reforça a busca por alívio imediato, mas sem verdadeira satisfação, apenas mais vazio e fragmentação. A participação de Hugo & Guilherme, conhecidos por explorar a vulnerabilidade masculina, intensifica o tom sincero da canção, tornando "Anestesiado" um retrato honesto do impacto devastador de um amor perdido e das tentativas desesperadas de superá-lo.