Moro Na Roça

Orgulho e ancestralidade em "Moro Na Roça" de Clementina de Jesus

Em "Moro Na Roça", Clementina de Jesus retrata a vida no campo com autenticidade e orgulho, mostrando que a simplicidade rural não significa isolamento. O verso repetido “compro o jornal da manhã pra saber das novidades” destaca o desejo de se manter informado, mesmo longe da cidade, e quebra o estereótipo de que quem vive na roça está desconectado do mundo. Essa busca por informação reforça a ideia de que a curiosidade e o interesse pelo coletivo fazem parte do cotidiano rural.

A canção valoriza as raízes africanas e a ancestralidade negra, presentes em expressões como “xique-xique, macambira, filho de preto da angola”, elementos que marcam a trajetória de Clementina como representante das tradições afro-brasileiras. O trecho “inda bem não sabe ler, já quer ser mestre de escola” traz uma crítica bem-humorada a quem busca reconhecimento sem preparo, mas mantém o tom leve e cotidiano da música. Ao citar personagens como a comadre Letícia, que leva diferentes jornais, a letra ressalta a importância das relações comunitárias e da troca de informações. No conjunto, "Moro Na Roça" transmite pertencimento, orgulho das origens e valorização do saber, mostrando que a vida rural é rica em cultura e conexões.