M.T.B.T.T.F.

Metáforas de poder e ostentação em “M.T.B.T.T.F.” do Clipse

Em “M.T.B.T.T.F.”, o Clipse utiliza a figura de Mike Tyson como símbolo de força e impacto, conectando o poder dos golpes do boxeador à intensidade do tráfico de drogas, tema central da música. O título, sigla para “Mike Tyson Blow to the Face”, aparece como duplo sentido: além de remeter à violência de um soco de Tyson, faz referência direta ao consumo de cocaína, já que “blow” é uma gíria para a droga. Isso fica claro em versos como “she want snow on her plate” (ela quer neve no prato dela) e “made a million off of flow to the nase” (fiz um milhão vendendo para o nariz), reforçando a ligação entre o universo do boxe, o consumo de drogas e o tráfico.

A produção assinada por Pharrell Williams traz batidas marcantes e samples que remetem ao hip-hop dos anos 90, criando o clima ideal para as rimas do Clipse. Trechos como “white back-to-back Rolls at my gates” (dois Rolls Royce brancos na minha porta) e “white python, Manolo is the taste” (python branco, Manolo é o gosto) destacam o luxo conquistado pelo tráfico. Já a linha “white slave masters souls in my safe” (almas de senhores de escravos brancos no meu cofre) faz uma crítica à herança do racismo e sugere uma inversão de papéis de poder. Quando dizem “you niggas is screenwriters, we green writers” (vocês são roteiristas, nós escrevemos com dinheiro), o Clipse diferencia quem apenas finge viver essa realidade de quem realmente a experimenta. Assim, a música apresenta um retrato direto e autêntico da vida nas ruas, usando metáforas e referências culturais para exaltar conquistas e expor as contradições do sucesso no submundo.