Palha de Arroz

Nostalgia e Melancolia em 'Palha de Arroz'

A música 'Palha de Arroz', de Clodo, Climério e Clésio, é uma obra que mergulha profundamente na nostalgia e na melancolia, evocando imagens de um passado que parece distante e quase irreal. A letra começa descrevendo um cenário ribeirinho, com o rio beirando a rua e o vapor de Parnarama chegando de Palmeirais. Esse cenário é pintado com uma sensação de tranquilidade e simplicidade, onde o 'velho homem do porto' observa o rio, sentindo a paz de sua pobreza. Essa imagem inicial já estabelece um tom de saudade e contemplação.

Maria, descrita como 'boca da noite na pensão familiar', representa uma figura noturna, talvez uma trabalhadora ou uma mulher que vive à margem da sociedade. Seus 'olhos de manhã' e 'a luz clara do luar' sugerem uma dualidade entre a vida noturna e a esperança ou a pureza que ela carrega. Os 'operários da noite nas oficinas do dia' reforçam essa ideia de uma vida dupla, onde as pessoas trabalham à noite e continuam suas vidas durante o dia, criando uma sensação de luta e resistência.

A música também aborda a transformação do espaço urbano, com a rua que antes era cheia de tédio agora sendo ocupada por 'outra dor feita de casa e de prédio'. Essa mudança reflete a urbanização e a perda de um passado mais simples e talvez mais autêntico. A repetição do verso 'vento no rio outro sonho mais refletido que a lua' sugere uma busca contínua por sonhos e memórias, mesmo que esses sejam apenas reflexos de um tempo que já passou. A música, portanto, é uma reflexão poética sobre o tempo, a mudança e a persistência da memória.