A Cobra

Duplo sentido e folclore em "A Cobra" de Coco de Roda e Ciranda

"A Cobra", do grupo Coco de Roda e Ciranda, se destaca pela forma como mistura humor, mistério e elementos do folclore nordestino em uma narrativa envolvente e cheia de duplos sentidos. O refrão repetitivo "Ai, que rolão" e a descrição detalhada da cobra — mencionando cabeça, olhos, língua, boca, pescoço e rabinho — reforçam o tom descontraído e brincalhão típico do coco de roda. Ao mesmo tempo, sugerem uma conotação maliciosa, já que é comum na música popular nordestina o uso de metáforas para abordar temas do cotidiano ou de sexualidade de maneira velada e divertida.

A letra faz referência a uma lenda de Cabedelo, na Paraíba, onde uma cobra misteriosa assusta as mulheres e realiza uma "grande manobra". Detalhes como as letras "M" e "G" na cauda da cobra e o fato de só Geralda conhecer o ninho reforçam o clima de segredo e cumplicidade, características valorizadas nas rodas de coco e ciranda. Expressões como "dando carreira em mulher" e a ênfase no tamanho e nas partes do corpo da cobra podem ser interpretadas tanto como parte de uma narrativa folclórica quanto como uma brincadeira de duplo sentido, típica do humor popular da região. Assim, a música celebra a cultura local, a criatividade coletiva e a tradição de transformar histórias simples em momentos de diversão e identidade comunitária.