É Natal?!

Crítica social e consumismo em “É Natal?!” do Cólera

Em “É Natal?!”, o Cólera questiona o verdadeiro significado do Natal, mostrando desconfiança em relação ao espírito tradicional da data. Logo no início, a repetição da pergunta “É natal?!” sugere que o clima de fraternidade está ausente ou foi distorcido. A banda destaca a contradição entre o discurso de união e a realidade social, como no verso “Os pobres ficaram bem mais pobres / Os ricos muito muito ricos”, que evidencia o aumento da desigualdade. O funcionamento do comércio “dia e noite” é apontado como símbolo do consumismo que domina o período, substituindo valores humanos por interesses materiais.

A letra também critica a superficialidade das relações, especialmente nas trocas de presentes: “Os presentes e chantagens / Todos trocam sem pensar / para no dia seguinte se odiar”. Aqui, o Cólera denuncia a hipocrisia e a falta de sinceridade, mostrando que os gestos natalinos muitas vezes não promovem união verdadeira. A menção a “assaltos” e “guerras” reforça que a violência e a injustiça continuam, mesmo durante as festas. Ao afirmar “Não preciso de pretexto / Não preciso de natal / Todo dia é importante / Todo dia é igual”, a banda rejeita a ideia de que é preciso uma data especial para praticar solidariedade, defendendo que esses valores devem ser constantes. Essa crítica direta reflete a postura histórica do Cólera, que sempre usou sua música para questionar normas sociais e denunciar desigualdades.