El Santo Chino

Identidade e poder marginal em “El Santo Chino” de Colmillo Norteño

A música “El Santo Chino”, do grupo Colmillo Norteño, explora a construção de uma identidade marcada pelo mistério, poder e desafio às normas sociais. Logo no início, o protagonista deixa claro que não revela seu nome nem sua ocupação: “No me pregunten quien soy / Y menos en que trabajo” (“Não me perguntem quem sou / E menos ainda em que trabalho”). Esse distanciamento sugere envolvimento em atividades ilícitas, reforçado pelo contexto dos narcocorridos e pela menção ao “cuerno de chivo” (AK-47), arma associada ao narcotráfico mexicano. O personagem demonstra orgulho de sua trajetória, mesmo que ela seja violenta: “Me encanta ver rafagueando / Mi lindo cuerno de chivo / Para mi es lo mas grandioso / Muy bonito que eh vivido” (“Adoro ver disparando / Meu lindo AK-47 / Para mim é o mais grandioso / Muito bonito que já vivi”).

O título “El Santo Chino” funciona como um codinome enigmático. A letra sugere que o apelido tem origens incertas ou irônicas: “De mi apodo se poquito / Por aya en china lo oi / Me contaron que es un santo / Pero no se los crei” (“Sei pouco do meu apelido / Ouvi lá na China / Disseram que é um santo / Mas não acreditei”). A referência a patrulhar as ruas de Tijuana “sin charola” (sem distintivo) reforça a ideia de uma autoridade paralela, típica de figuras do submundo que impõem respeito sem legitimidade oficial. O tom confiante aparece quando o personagem afirma: “La misma muerte me teme / Por eso no se me arrima” (“A própria morte me teme / Por isso não se aproxima de mim”). Assim, a canção retrata alguém que vive à margem da lei, mas mantém um senso próprio de honra e orgulho de sua reputação.