Telepath

Ciclo previsível e ironia em "Telepath" de Conan Gray

Em "Telepath", Conan Gray transforma o desgaste de um relacionamento repetitivo em algo quase divertido, usando a ironia para lidar com a previsibilidade do ex-parceiro. O título faz referência à ideia de que Gray não precisa de poderes sobrenaturais para saber o que vai acontecer: ele já conhece o roteiro de cor. Isso aparece em versos como “You're just so predictable / Won't you try something original?” (Você é tão previsível / Não quer tentar algo original?), onde ele expressa tédio e frustração diante da falta de novidade do outro.

O fato de a música quase se chamar "ur just so predictable" reforça o tom sarcástico e resignado da letra. Gray mostra que já não se abala mais com as idas e vindas, como em “That's why I don't cry” (Por isso eu não choro). O refrão destaca a sensação de déjà-vu, com o cantor antecipando mensagens e tentativas de reconciliação que deveriam ter ficado “in the drafts” (nos rascunhos), mostrando que até as investidas do ex são recicladas. O trecho “Now's about the time the boredom hits (oh, look) / There you are at my door / Drunk and asking me for a kiss” (Agora é a hora em que o tédio bate (olha só) / Lá está você na minha porta / Bêbado, pedindo um beijo) ilustra bem esse ciclo, misturando deboche e cansaço.

Apesar do tom leve, Gray também admite que pode acabar cedendo, como em “I betcha, I betcha, I betcha, I betcha / I'll call you when I'm cryin'” (Aposto, aposto, aposto, aposto / Que vou te ligar quando estiver chorando). "Telepath" retrata, de forma autêntica e bem-humorada, a rotina de relações que giram em círculos, onde a maior surpresa é justamente não haver surpresa.