Escute Mudo

Crítica social e autenticidade em “Escute Mudo” da ConeCrewDiretoria

“Escute Mudo”, da ConeCrewDiretoria, é uma música que confronta padrões sociais e estereótipos, usando ironia e provocações para expor a hipocrisia de quem busca status, dinheiro e aparências. A letra faz uso de termos pejorativos e provocações para questionar quem julga ou tenta se encaixar em papéis pré-definidos, seja no consumo de bens materiais ou na sexualidade. O refrão — “Eu não sou cafetão, eu não sou prostituto, eu não sou gigolô, eu tenho conteúdo / Escute mudo, se prostituta é puta, prostituto é puto / Pra mim, é a mesma merda, taque fogo em todo mundo” — resume essa crítica, rejeitando rótulos e defendendo a autenticidade acima de qualquer fachada social.

A música funciona como um manifesto de individualidade, criticando a conformidade e a superficialidade presentes tanto no funk quanto no rap. O uso de um sample de James Brown demonstra respeito às raízes do funk, enquanto a produção de Papatinho traz uma sonoridade urbana e atual. A letra utiliza gírias e metáforas urbanas para retratar a realidade das ruas, como em “Beat boy, e alto-falantes, atitude, pra fugir dos homi”, mostrando a luta contra a repressão policial e a marginalização. Há também uma crítica à alienação promovida pela mídia e à valorização de bens materiais, como em “E o riquin não viu, otário, pois tava polindo o carro / Preocupado, com o novo arranhado, na sua nova BMW”.

Além disso, a música aborda temas de gênero e sexualidade de forma direta, questionando a moralidade e os papéis impostos pela sociedade. No fim, “Escute Mudo” se apresenta como um grito de resistência e autenticidade, incentivando o ouvinte a rejeitar padrões impostos e buscar seu próprio caminho.