Escravizado

Crítica social e resistência em "Escravizado" do ConeCrewDiretoria

A música "Escravizado", do ConeCrewDiretoria, ganha ainda mais força ao sabermos que Maomé escreveu a letra durante uma internação forçada. Esse contexto pessoal se reflete na sensação de sufocamento e revolta presente em cada verso. A canção faz uma crítica direta à manipulação da mídia e à alienação social, destacando como conteúdos superficiais dominam o espaço enquanto manifestações culturais autênticas, como o rap, são marginalizadas. Isso fica claro em versos como: “Putaria na TV, rádio programação de bosta / Censurando o Rap cultural, só tem espaço pra quem rebola”, mostrando o descontentamento com a priorização do sensacionalismo e a exclusão do rap das grandes mídias.

O uso do sample melancólico de Yann Tiersen reforça o clima de denúncia e desilusão, criando uma atmosfera que traduz o sentimento de aprisionamento diante das injustiças. A letra também ataca a hipocrisia política e a corrupção, retratando políticos e juízes como “maldito engravatado” e “juíza falsificada”, figuras que se beneficiam do sistema enquanto a população fica com o “bagaço”. O trecho “quem sabe um dia o mendigo ganhe o teu salário” ironiza a desigualdade social e a inversão de valores. Já a repetição de “LIVRAI-ME DA ESCRAVIDÃO / LIVRAI-ME DA ESCURIDÃO” expressa um pedido de libertação das correntes sociais e das armadilhas do cotidiano. Assim, "Escravizado" se apresenta como um grito de resistência, recusando a alienação e a corrupção, e clamando por dignidade e transformação.